quarta-feira, 27 de abril de 2016

Sem emprego e com dinheiro curto, 196 mil pessoas perdem planos de saúde

                                                               Foto: Google Imagens

Há três meses, quando a empresa de seguros onde trabalhava cortou o plano de saúde dos funcionários, a corretora Marina Medeiros, de 25 anos, inquietou-se: sem o benefício, ela, mãe de Nina, hoje com 1 ano e oito meses, teria que peregrinar pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e emergências de hospitais públicos com a criança no colo. Começou a pensar nas horas que passaria nas filas intermináveis que via na TV. Este mês, a filha de Marina já passou duas vezes pela UPA de Copacabana. A primeira, para tratar uma pneumonia.

— Esta UPA é melhor que as outras, como a de Botafogo. Minha filha tomou dez injeções de antibiótico aqui, todas de graça. A de penicilina custa R$ 75 a dose — conta Marina, que voltou a levar a filha à UPA na quarta-feira da semana passada, depois de Nina sofrer com enjoos.

A nova realidade de Marina e da filha tem sido a mesma de um grupo crescente no Rio: o de ex-beneficiários de planos de saúde. Por causa da crise, eles agora são obrigados a enfrentar o Sistema Único de Saúde. Muitos perderam o emprego e, consequentemente, o plano. Outros, com a renda achatada, já não podem pagar por um. Ao todo, de dezembro de 2014 para dezembro de 2015, mais de 196 mil pessoas perderam o plano de saúde no estado. O número representa uma queda 3,2%. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Antes da crise, a tendência era de crescimento. Em dezembro de 2010, no Rio, havia 5.604.338 usuários de planos. No mesmo mês de 2014, o número chegou a 6.127.946. De lá para cá, entretanto, houve queda em todos os trimestres. No Rio, o decréscimo é mais acentuado que no Brasil, onde a redução média foi de 1,5% dos 50.496.436 registrados em dezembro de 2014.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior, o fenômeno vem chamando a atenção de diretores de hospitais e funcionários de UPAs (especialmente as localizadas em bairros de classe média). Com isso, as UPAs, onde a procura sempre foi menor, como a de Botafogo e a da Tijuca, estão deixando seus pacientes mais tempo na fila de espera.

— Estamos vendo o movimento aumentar. As UPAs em regiões com melhor localização estão recebendo uma demanda cada vez maior. A gente vê que é um perfil de paciente mais qualificado. E, a cada dia, a demanda por medicamentos está aumentando, até para os relativamente baratos — afirma o secretário. — Todas as maternidades estão lotadas. Há muitas mulheres usando a nossa rede que antes estavam na rede privada.

PROCURA MAIOR, MENOS RECURSOS
Pacientes que sempre usaram os serviços das UPAs sofrem ainda mais com a superlotação. A diarista Iris Cristina Freire, de 41 anos, por exemplo, já não conseguia atendimento na unidade de Queimados, onde mora. Agora, enfrenta filas de horas também na UPA de Botafogo, próxima da residência onde trabalha:

— Tem dia em que está lotada, com fila aqui fora. Os médicos tentam dar conta e não conseguem. Eu moro em Queimados, e a UPA lá não está funcionando. Não tem medicamento, não tem médico, não tem nada. Infelizmente, a saúde pública está assim — disse ela, enquanto saía da unidade sem diagnóstico, mesmo com sintomas de zika.

Segundo a Secretaria de Saúde, o fenômeno se insere num contexto de dificuldades financeiras — o estado mal tem repassado verbas para a pasta — e de alta na demanda, que já vem ocorrendo desde 2010. Naquele ano, os hospitais estaduais tiveram 31.647 internações. Em 2015, foram 114.747. Em relação a 2014, foram 21,9 mil internações a mais. Ao mesmo tempo em que a procura aumentou, há menos dinheiro. Dos R$ 200 milhões de orçamento mensal do órgão, só metade foi repassada pelo tesouro estadual em fevereiro. Em março, pouco mais de um quarto.

PUBLICIDADE

— Há uma superlotação que a gente já não consegue reduzir. Na região mais carente, o pessoal também perdeu o plano de saúde, mas já havia superlotação. A rede não tem como se preparar para receber essa demanda. Se o país continuar nesta recessão, com aumento do número de desempregados, a tendência é de agravamento — admite Luiz Antônio.

Entre novembro de 2015 e janeiro deste ano, a pasta viveu uma crise sem precedentes, com emergências fechadas e unidades sem insumos básicos.

Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), a migração dos usuários dos planos de saúde para a rede pública está intimamente relacionada à crise e, principalmente, ao desemprego causado por ela. Sessenta e cinco por cento dos beneficiários estão em planos empresariais.

— No mundo todo, quando há desaquecimento da economia, o gasto per capita com saúde cresce menos também — analisa ele.

Segundo Carneiro, a tendência pode estar apenas no início.

— Se continuarmos em recessão e se o desemprego se agravar, esse fenômeno de perda de beneficiários vai aumentar.

Foi justamente a demissão que obrigou Joaquim Gomes, de 40 anos, a frequentar unidades públicas. Há um ano, ele perdeu o cargo de secretário que ocupava numa empresa. Morador da Glória, Joaquim tem recorrido às UPAs para tratar sua bronquite crônica. Pagar um plano de saúde, para ele, é inviável, até que consiga um novo trabalho:

— Um plano de saúde é muito caro, e estou desempregado. A gente tem passado por muitas dificuldade com gastos de transporte, remédio, saúde. Os medicamentos para o meu tratamento, por exemplo, a rede pública não dá — queixou-se ele.

ECONOMIA COM OS REMÉDIOS
Para Thayanne Garrão, de 33 anos, faltou dinheiro para pagar o plano em dia. Professora da rede particular, ela só recebe o salário no quinto dia útil, enquanto a mensalidade do plano vencia todo dia 1º.

PUBLICIDADE

— Fico preocupada por não ter plano. Tenho medo de ficar jogada (na rede pública de saúde), como naquelas filas que aparecem na televisão. Por isso, vou procurar um plano novo, com uma data de vencimento melhor — diz ela. — Várias amigas minhas já não têm mais condições de ter um plano, está caro.

Já a estudante Telma Lucena Pereira, de 24 anos, faz parte de um grupo cada vez mais comum nas UPAs de bairros de classe média: o dos que têm planos de saúde, mas preferem economizar nos medicamentos, que são fornecidos nas unidades públicas. Segundo ela — que, sem dinheiro para o aluguel, voltou a morar na casa da mãe com o marido —, é preciso cortar despesas:

— Aqui (na UPA de Copacabana), eles estão me dando amoxicilina para tomar por dez dias. O remédio me custaria cerca de R$ 60.

Fonte: Jornal O Globo on line



segunda-feira, 11 de abril de 2016

Esses 5 livros acadêmicos foram eleitos os mais influentes de todos os tempos

                                                               Foto: Google Imagem


Um livro não é simplesmente um punhado de palavras impressas e encadernadas. As ideias contidas em suas páginas têm o poder de mudar o mundo. Uma obra literária impactante e original pode dar origem a novas correntes artísticas ou a combativos movimentos sociais com o potencial de alterar os rumos da história. Um bom exemplo desse poder é Os Sofrimentos do Jovem Werther, do alemão Goethe - o romance chegou a provocar ondas de suicídio quando foi publicado. Em meio a tantos livros revolucionários que já foram escritos, quais deles poderiam ser considerados os mais influentes?

Foi justamente esta a pergunta feita por uma pesquisa conduzida recentemente na Inglaterra. Em parceria com a Biblioteca Britânica, o Conselho de Pesquisa em Artes e Humanidades quis saber quais são os textos acadêmicos mais influentes da história. Os pesquisadores fizeram uma lista de grandes obras da literatura universal e as submeteram a voto popular. Com cerca de 900 respostas, 26% do público elegeu A Origem das Espécies, publicado em 1859 pelo biólogo e pai do evolucionismo Charles Darwin, como o texto com maior repercussão já escrito por um intelectual.

"Nenhum outro trabalho mudou tão fundamentalmente a forma como pensamos a nossa própria existência e o mundo ao nosso redor", disse o chefe de marketing da Booksellers Association, Alan Staton, ao Independent. O estudo foi realizado pelas duas instituições para inaugurar a Semana do Livro Acadêmico no país, que promove uma série de eventos e competições por todo o Reino Unido. Confira a lista abaixo:

1) A Origem das Espécies - Charles Darwin

2) Manifesto do Partido Comunista - Karl Marx e Friedrich Engels

3) A Obra Completa de William Shakespeare

4) A República - Platão

5) Crítica da Razão Pura - Immanuel Kant

As outras obras que compunham a lista eram:

>> O Segundo Sexo - Simone de Beauvoir

>> Modos de Ver - John Berger

>> Primavera Silenciosa - Rachel Carson

>> O Significado da Relatividade - Albert Einstein

>> A Mulher Eunuco - Germaine Greer

>> Uma Breve História do Tempo - Stephen Hawking

>> As Utilizações da Cultura - Richard Hoggart

>> O Príncipe - Nicolau Maquiavel

>> O Macaco Nu - Desmond Morris

>> 1984 - George Orwell

>> Os Direitos do Homem - Thomas Paine

>> Orientalismo - Edward Said

>> A Riqueza das Nações - Adam Smith

>> A Formação da Classe Operária Inglesa - E. P. Thompson

>> Reivindicação dos Direitos da Mulher - Mary Wollstonecraft

Fonte: Glasgow University

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Diagnóstico da Crise Atual: Exemplo SUS Estadual do Rio de Janeiro

Respondendo a pedidos de amigos e alunos, traço minha opinião sobre a crise no sistema estadual de saúde.

O Colapso na saúde do Rio tem um diagnóstico conhecido, e o paciente (sistema), só chegou ao estado terminal porque pouco foi feito em relação aos sintomas. Segundo minha visão, a crise tem três pilares básicos:
1 - A rede foi agigantada (superdimensionada), o ente Estadual assumiu atribuições dos municípios (atenção básica), a partir da criação das UPA’s em 2007;
2 - Adoção dos Organizações Sociais (OS) como modelo de gestão; fato altamente perigoso, ralo para corrupção, e um atestado claro que o estado é incapaz de gerir sua rede.
3 - Fatores econômicos com a queda de 52% da arrecadação dos royalties do petróleo.

 Primeiro Pilar

O governo Estadual assumiu a atenção básica (contrariando a legislação do SUS), sem ter como bancá-la.
Referencia Nacional e “exportadas” para outros estados e até para Argentina, as UPAs; foram apontadas como uma conquista e avanço em saúde pública;
As 29 UPAs estaduais e os repasses para as 28 municipais custaram R$ 740 milhões (2015).
O Estado do RJ é o único no Brasil a gerir o SAMU e outras políticas. Novos Hospitais de Referencia, tais como Hospital da Mulher e o Instituto Estadual do Cérebro.

 Segundo Pilar

Sistema em Xeque: OS modelo de administração mais ágil, mas com preço alto.
O modelo dispensa licitação para compras e contração de pessoal;
Falhas na gestão, apesar dos relatórios de Auditoria apresentados;
Os cofres da SES-RJ, pagaram as OS R$ 2,1 Bilhões;
Conflito nos gastos com pessoal: um médico concursado ganha em média R$ 2,3 mil e um contratado pela OS recebe em média R$ 6 mil por mês.
A inplantação da contração das OS ou OCIP's a meu ver é um atestado da incapacidade dos governos de gestarem com eficiência os seus próprios recursos, tanto financeiro como de pessoal.
Demonstra o despreparo total de gestão.

 Terceiro Pilar

Após o boom do petróleo e com o caixa à míngua. Queda de 54% dos royalties até 2015
Com o caixa cheio pelos royalties do setor de óleo e gás o Governo exorbitou e assim como grande parte do entes públicos, desprezaram os sinais iniciais da crise econômica;
Citando um ponto específico em saúde os cargos comissionados saltou de 613 (2014) para 789 (2015)
Despesas com servidores públicos cresceram 56% desde 2010; em valores R$ 10,9 bilhões para R$ 16,1 bilhões;
Custos para manter a saúde teve um salto de 121%; de R$ 1,9 bilhões (2010) para 5,2 bilhões (2015). Rombo de R$ 76 bilhões.

Como costumo falar o Sistema Universal deSaúde ao qual o modelo brasileiro está submetido desde a Constituição de 1988, está provado científicamente no Mundo que não funciona para países com mais de 80 milhões de habitantes.
Há necessidade de reformas no modelo que foi imposto pelos neo-liberalistas influenciados pela Conferência Mundial de Alma-Ata em 1978.

Prof. Dr. Aroldo Moraes Junior, MD, MBA, MsC and PhD
Foto: Google Imagem